Manejo de  Plantas Daninhas em Pastagens  
Elon Francisco Svicero1, 
João Carlos Barros1 e  
Alcino Ladeira Neto2
1.   Introdução:
A pecuária brasileira tem passado por uma fase de  grande transição nos últimos anos que tem afetado diretamente os pecuaristas.  Entre as mudanças mais significativas podemos ressaltar os consecutivos  recordes de exportação de carne bovina e a caracterização do País como um  importante participante no mercado internacional. A exportação está concentrada  basicamente em alguns frigoríficos que souberam se preparar para esse mercado e  aproveitar as oportunidades. Outro aspecto importante é a concentração da  comercialização de carne no mercado internos em grandes redes varejistas.  Programas sanitários tem sido estabelecidos e encarado com grande seriedade  pelo governo e pelos pecuaristas. As áreas anteriormente utilizadas  exclusivamente pela pecuária passaram a disputar espaço nos últimos anos com as  atividades agrícolas como as culturas da soja e da cana-de-açucar.Além desses  fatores devemos mencionar que os preços pagos pela arroba do boi tem sofrido  pouca alteração durante o ano e nos últimos anos, afetando diretamente a  rentabilidade do pecuarista. 
 Nesse cenário, é de fundamental importância que o  pecuarista passe a pensar em intensificação da utilização das áreas de pastagem  buscando maior escala de produção. Dessa maneira, o pecuarista poderá enfrentar  os desafios do mercado oferecendo carne de grande qualidade e buscando melhorar  a sua rentabilidade. 
 Para intensificar as suas áreas de pastagens  os pecuaristas devem iniciar um processo de utilização de tecnologia dentro da  propriedade, principalmente no que se refere a três aspectos básicos: nutrição  , genética e sanidade do rebanho. 
 O investimento em nutrição se torna ainda mais importante  a partir do momento que verificamos que a grande virtude da pecuária nacional é  a produção de carne à pasto , o que nos torna mais competitivos  internacionalmente, todavia, boa parte de nossas pastagens encontram-se em  processo de degradação. 
 Pastagens degradadas tornam-se improdutivas ou pouco  produtivas oque dificulta a intensificação do uso das pastagem e a busca de uma  pecuária mais produtiva. 
 Diversos fatores contribuem para a baixa produtividade  (capacidade de suporte média nacional de 0,5 U.A./ha) e a infestação de plantas  daninhas de folhas largas é um das principais.  Assim, a eliminação destas plantas daninhas é um problema que todo  pecuarista depara-se constantemente, já que a maioria do rebanho nacional é  criado e mantido quase que exclusivamente no pasto. 
 O problema da invasão das plantas daninhas está ligado  diretamente à grande capacidade que estas têm para competir com as gramíneas  cultivadas como pastagem, pois levam uma série de vantagens nesta competição.  Por exemplo: as sementes das plantas daninhas germinam desuniformemente,  dificultando seu controle e permitindo a sucessão de várias gerações de plantas  daninhas durante o ano. Além disso, uma vez germinadas as sementes, as  plântulas das plantas daninhas crescem mais rápido que as das pastagens,  desenvolvendo particularmente seu sistema radicular. Isto proporciona às  plantas daninhas maior facilidade para captar água e nutrientes durante os  períodos críticos e aumentar sua área foliar rapidamente. Vale também lembrar  que diversas espécies de plantas daninhas produzem sementes com habilidade de  domência, que conservam sua capacidade germinativa por dezenas de anos. 
A facilidade que as plantas daninhas têm de  adaptar-se às mais diferentes condições (solo, clima, etc.) também facilitam sua  competição com as pastagens. As plantas daninhas possuem um crescimento rápido  desde os estágios iniciais até o florescimento. Os frutos e sementes de algumas  delas disseminam-se mediante estruturas de adaptação que permitem sua dispersão  para novas áreas por meio do vento, água, animais e até mesmo o homem. Embora a  maioria das plantas daninhas se adaptem bem a todos os tipo de solo, existem  algumas que competem melhor em solos ácidos e de baixa fertilidade. Além disso,  as espécies perenes tem um grande capacidade de regeneração através de qualquer  fragmento (propagação  vegetativa).
 2.        PROBLEMAS CAUSADOS PELAS PLANTAS  DANINHAS EM PASTAGENS:
 Os fatores analisados anteriormente mostram porque as  plantas daninhas são mais competitivas que as pastagens. Vamos analisar agora,  os principais problemas causados pelas plantas daninhas: a competição direta  por espaço, luz, água e nutrientes, além de outros  problemas indiretos que também justificam o  seu controle. 
 
2.1. Competição  por espaço:
Segundo VELINI (1987), a competição por  espaço é de difícil quantificação e compreensão, podendo-se contudo, admiti-la  quando uma determinada planta é forçada a assumir uma arquitetura que não lhe é  característica. Não se encontrou nenhuma referência na literatura sobre a  importância da competição por espaço. No entanto, este é o tipo de competição  mais percebido pelo pecuarista, pois onde está presente uma planta daninha, a  gramínea forrageira não poderá tomar o seu lugar, causando uma diminuição no  número de plantas desejáveis na pastagem. Neste aspecto a planta daninha também  é muito favorecida pelo pastejo seletivo. 
 
2.2. Competição  por luz:
A atividade fotossintética das plantas  geralmente  é bastante reduzida devido ao  seu sombreamento. Assim, a habilidade de uma espécie em competir pela luz  normalmente está bastante correlacionada com a sua capacidade de situar suas  folhas acima das folhas de outras espécies; por conseqüência, normalmente  ocorre uma correlação direta entre a habilidade de uma espécie competir por luz  e o seu porte (VELINI, 1987). Assim fica fácil perceber que as plantas daninhas  de folhas largas apresentarão maior facilidade em competir com a pastagem  devido à sua arquitetura particular. 
 
2.3. Competição  por água e nutrientes:
A competição por água e nutrientes depende da  espécie infestante, porém, aquelas com raízes superficiais muito desenvolvidas  competem com maior agressividade com a gramínea forrageira, que apresenta  sistema radicular fasciculado (VICTÓRIA FILHO, 1986). A competição será maior  principalmente em situações em que a disponibilidade de água é limitada. Neste  caso, as plantas daninhas de folhas largas infestantes de pastagens levariam  vantagem sobre o pasto devido a sua maior capacidade de remoção de água do solo  (sistema radicular mais desenvolvido). A baixa fertilidade natural da maioria  dos solos ocupados por pastagens, aliada à não utilização de  práticas de adubação para a reposição de  nutrientes, faz com que a competição por nutrientes se torne uma das mais  importantes 
 
2.4. Queda real da capacidade de suporte  por área:
A competição pelos fatores citados  anteriormente provocam uma diminuição da produção de massa verde nas pastagens  (quantidade de forragem disponível), consequentemente a quantidade de animais  por área deverá ser menor para não acelerar a degradação das pastagens. 
 
2.5. Aumento  do tempo para a formação das pastagens:
A competição com as plantas daninhas provoca  um atraso no estabelecimento das gramíneas forrageiras, atrasando o  desenvolvimento da parte aérea, do sistema radicular e reduzindo o perfilhamento.  Estudo realizado por Rosa et al. ( 2001 ) mostra que o uso de herbicida para  controle de plantas daninhas em reforma de pastagem proporciona um maior número  de perfilhos da gramínea forrageira quando comparado a uma reforma de pastagem  onde as plantas daninhas não foram controladas e competiram com o capim. Isso  explica a demora de até 1 ano para a plena utilização da capacidade de suporte  da pastagem.
 
 
 
2.6. Ambiente  propício ao desenvolvimento de parasitas externos: 
 As planta daninhas constituem importantes  hospedeiros alternativos de pragas, moléstias, nematóides, ácaros, plantas  parasitas e outros inimigos naturais das plantas forrageiras. Com isso,  permitem as presenças de populações relativamente densas de inimigos naturais  das forrageiras, mesmo em épocas em que as pastagens são destruídas pelo fogo,  por estiagem ou por pastejo excessivo (PITELLI, 1989). 
 
2.7. Ferimento  nos animais:
Diversas espécies de plantas daninhas  apresentam espinhos e a sua presença nas pastagens, além de não permitir que o  gado se alimente do capim nas suas proximidades, ainda causam ferimentos nos  animais, principalmente nas tetas das vacas. Como exemplo destas plantas  poderíamos citar algumas do gênero Solanum (joá e jurubeba), a Malícia ou Dormideira (Mimosa  pudica) e o Arranha-Gato (Acacia  plumosa). Trabalho  realizado por  Yabuta F.H. et al. ( 2003 ) demostrou haver redução da disponibilidade de capim  para plantas invasoras sem espinhos, mas concluiu que a indisponibilidade de  capim é muito maior em pastagens infestadas com plantas invasoras que  apresentam espinhos, podendo afetar uma área de até 2 meros de raio a  partir  do caule principal da invasora.
| 
 Influência das plantas invasoras sobre a produção de    forragem  | 
 
 
2.8. Envenenamento  por plantas tóxicas:
Algumas plantas daninhas são extremamente  tóxicas e a sua presença nas pastagens traz muitos problemas para os  pecuaristas devido à perda de animais intoxicados. São exemplos destas plantas  a Palicourea marcgravii (erva-de-rato),  a Pteridium aquilinum  (samambaia) e a Baccharis coridifolia (mio-mio) que podem levar a morte um animal  que ingira 700 mg de material vegetativo por quilo de peso vivo (no caso da  erva-de-rato) e 1000 mg (no caso do mio-mio) (LORENZI, 1991). Nos EUA por  exemplo, a importância dada a este problema é tanta, que existe um programa  para o controle de espécies tóxicas em pastagens no qual o governo subsidia uma  parte do custo do herbicida utilizado pelos pecuaristas. No Brasil ainda não  foi percebida a real dimensão do problema das plantas tóxicas. Dobereiner et al  ( 2000 ) publicaram algumas informações sobre os prejuízos causados por plantas  tóxicas ao rebanho do Estado do Rio Grande do Sul extrapolando os dados para o  Brasil, mostrando que estamos sujeitos a grandes perdas devido a esse problema.
  Danos causados por plantas tóxicas  | 
 
 
*Dados levantados pela UFSM e UFPEL
**Estimado 
*Fonte: Dobereiner et al (2000)   
 
   
 
2.9. Riscos  de erosão: 
A competição das plantas daninhas com as  pastagens, aliado ao super-pastejo, reduz a cobertura do solo, expondo-o à  erosão, o que degrada a sua fertilidade e a sua capacidade potencial de  produção de forrageiras, além dos problemas ambientais decorrentes da erosão. 
 
2.10. Comprometimento  da estética da fazenda:
Obviamente as preocupações com a estética da  fazenda são bem menores do que a preocupação com os danos econômicos causados  pelas plantas daninhas. Entretanto, pastagens limpas ajudam a valorizar a  propriedade, uma vez que são mais produtivas que pastagem degradadas infestadas  por plantas invasoras, além de apresentar maior liquidez de venda no mercado . 
 
3. MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM  PASTAGENS: 
 
3.1. Controle  cultural:
Sem dúvida, o melhor método de controle de  plantas daninhas é evitar o aparecimento delas. Para tanto podemos utilizar o  chamado controle cultural, que pode ser definido como qualquer prática de  manejo que favoreça as gramíneas forrageiras e as ajudem a competir e dominar  as plantas daninhas. PEREIRA (1990) cita alguns exemplos de controle cultural:
- utilizar sementes de  forrageiras livres da presença de sementes de plantas daninhas na formação das  pastagens.
 
- formar pastagens com  espécies e/ou variedades adaptadas às condições locais.
 
- dividir os pastos para  promover o pastejo rotativo.
 
- ajustar a carga animal de  acordo com a disponibilidade de forragem do pasto.
 
- manter o gado em local  restrito por 48 horas quando este vier de pastos com plantas daninhas  sementeando.
 
- efetuar adubação de  manutenção de acordo com a análise do solo e recomendações de pesquisas  regionais.
 
3.2. Fogo: 
O fogo é, na maior parte dos casos, um método  pouco eficiente para o controle de plantas daninhas nas pastagens e, quando  utilizado com freqüência, causa sérios prejuízos, pois diminui o teor de  matéria orgânica superficial, afeta os microorganismos do solo e não permite o  acúmulo de umidade e nutrientes na camada superficial do solo. O uso do fogo  intensifica a degradação das pastagens, além de afetar o meio ambiente pelas  queimadas e aumento da erosão devido à maior  exposição do solo. Em resumo, todos estes prejuízos  sobrepujam qualquer possível vantagem do uso de fogo para reduzir a infestação  de plantas daninhas. 
 
3.3. Controle  manual através do uso de enxadão (arranquio):
É um método muito lento e necessita grande  quantidade de mão-de-obra, tornando-se caro e problemático. Deve ser realizado  antes da floração e frutificação das plantas daninhas para evitar a  multiplicação das sementes e, após a realização do trabalho, deve-se vedar o  pasto para a recuperação do capim. É uma alternativa para tentar reduzir a  infestação de algumas plantas daninhas de folha estreita  e algumas plantas de cerrado que não são  controladas economicamente por outros métodos. 
 
3.4. Controle  manual através do uso de foice (roçada manual):
É um dos métodos mais utilizados, embora este  quadro venha mudando drasticamente após às mudanças na economia brasileira, que  estão obrigando o pecuarista a adotar processos voltados ao aumento da  produtividade e redução de custos. A roçada manual não promove um controle  eficiente das plantas daninhas, apenas poda a parte aérea sem afetar o sistema  radicular. Assim, a maioria das plantas roçadas apresenta rebrotes vigorosos.  Além disso é um método bastante lento e necessita grande quantidade de  mão-de-obra, cujo custo está crescendo. Em alguns pastos, dependendo das  condições climáticas da área, há a necessidade de até duas roçadas anuais. 
 
3.5. Controle  mecânico através do uso de roçadeiras (hidráulicas ou de arrasto):
Apesar de apresentar um bom rendimento  operacional e não necessitar de muita mão-de-obra, a utilização de roçadeiras  apresenta várias desvantagens assim como a roçada manual, ou seja, também não  controla efetivamente as plantas daninhas, permitindo rebrotes vigorosos. Além  disso, não é um método seletivo, pois corta também o capim que deveria estar  disponível aos animais. A utilização de roçadeiras também fica limitada  a áreas destocadas e com topografia adequada. 
 
3.6. Controle  Químico:
O controle químico de plantas daninhas de folhas  largas em pastagens consiste no uso de herbicidas e apresenta uma série de  vantagens sobre os outros métodos descritos. Os herbicidas para pastagens  geralmente são sistêmicos e seletivos, controlando efetivamente as plantas  daninhas de folhas largas, eliminando tanto a parte aérea quanto o sistema  radicular sem afetar as gramíneas forrageiras. É um método rápido e necesita  menor quantidade de mão-de-obra. A utilização de herbicidas, ao acabar com a  competição causada pelas plantas daninhas, ajuda no aumento da produção de  massa verde na pastagem, com conseqüente aumento da capacidade de suporte. Após  a limpeza das pastagens, é fundamental que se utilize boas práticas de manejo  das pastagens para evitar a sua reinfestação e mantê-la produtiva por um longo  tempo. 
 Ao se optar pelo controle químico, deve-se definir  o herbicida e o método de aplicação mais eficiente, econômico e seguro para cada  caso. Para isto recomenda-se levar em consideração os seguintes fatores:
- Verificar as condições da pastagem: antes de se recomendar a utilização de herbicidas numa pastagem, é fundamental  verificar se há um número suficiente de plantas forrageiras para tomar o lugar  das plantas daninhas que serão controladas. Quando a pastagem está em adiantado  estado de degradação, pode ser mais vantajosa a reforma do pasto. 
 
- Identificar a planta daninha: o  primeiro passo para se definir um programa de controle de plantas daninhas em  pastagens é a identificação das espécies infestantes. Com isso, poderemos  conhecer suas características morfológicas, anatômicas, ecológicas, grau de  agressividade, susceptibilidade aos herbicidas, etc.
 
- Tipo de folhagem: folhas  do tipo coriáceo dificultam a penetração do herbicida nas aplicações dirigidas  à folhagem. Assim, deve-se escolher um tipo de aplicação no qual este fator não  determine o resultado da aplicação (aplicações no toco, por exemplo). 
 
- Estádio de desenvolvimento: o  estádio de desenvolvimento da planta daninha interfere diretamente na  eficiência das aplicações foliares de herbicidas sistêmicos. Esste tipo de  aplicação deve ser utilizado quando as plantas daninhas estão em pleno  desenvolvimento vegetativo, pois a planta apresentará boa área foliar para a  absorção do herbicida e haverá uma melhor translocação, o que ocorre durante o  período chuvoso. Durante o florescimento e frutificação das plantas daninhas, a  translocação até as raízes é bastante reduzida, sendo direcionada para as  estruturas de reprodução (flores e frutos). Como o herbicida deve também atuar  a nível radicular, aplicações foliares durante este estádio podem não obter o  sucesso desejado.
 
- Densidade de infestação: é  importante para a escolha do equipamento. No caso de aplicações foliares,  quando a porcentagem de infestação é elevada, recomenda-se utilizar  equipamentos tratorizados, desde que a topografia da área o permita.
 
 
3.6.1. Métodos  de aplicação:
a)        Aplicação foliar: é  o tipo de aplicação mais utilizado, podendo ser realizada em área total ou  localizada (também chamada “dirigida” ou “em catação”). A aplicação em área  total é indicada para áreas extensas e/ou que apresentem infestações superiores  a 40%. É feita através da utilização de pulverizadores tratorizados (“jatão” ou  barra) ou aeronave agrícola (avião ou helicóptero). Os volumes de calda  recomendados para as aplicações em área total são de 200 a 300 l/ha para  pulverizadores tratorizados e não inferior a 40 l/ha no caso de uso de  aeronaves. A aplicação localizada é recomendada para áreas pequenas e/ou que  apresentem infestações inferiores a 40%, com cada planta distribuída  isoladamente ao longo da pastagem ou quando ocorram apenas reboleiras de  plantas daninhas. Neste caso a aplicação deverá ser feita utilizando-se um  pulverizador costal manual ou pulverizador carregado por animal (burrojet).  Recomenda-se molhar a planta daninha até próximo ao ponto de escorrimento. As  aplicações foliares devem ser realizadas no período chuvoso (geralmente de  outubro a março nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte; na região  Nordeste, geralmente de maio a setembro). Para que a absorção do herbicida seja  satisfatória, recomenda-se que as aplicações sejam feitas com  temperaturasinferiores a 32° C e a umidade relativa do ar superior a 60%. A  ocorrência de chuvas até 4 horas após a aplicação também pode influir na  quantidade de herbicida absorvido.
- Aplicação no toco:  é uma aplicação recomendada  para plantas resistentes às aplicações foliares ou para plantas susceptíveis que  apresentem um porte muito elevado, o que exigiria grande quantidade de calda  para molhá-la. Para se obter sucesso nas aplicações via toco recomenda-se roçar  a planta daninha o mais rente ao solo possível, rachando e/ou picando o toco  sempre que possível. Para molhar o toco deve-se utilizar um pulverizador costal  manual equipado com bico do tipo cone cheio ou cone vazio desde que retirado o  core. Deve-se encostar o bico do pulverizador rente ao toco e, com pressão  mínima, aplicar a calda até o escorrimento. O herbicida deve ser misturado  apenas a água, sem a adição de óleo diesel ou espalhante adesivo. O corte dos  tocos em plantas que já sofreram roçadas anteriores deverá ser feito abaixo da  nova brotação. Em plantas que apresentam um engrossamento do tronco abaixo do  nível do solo, recomenda-se o uso do enxadão para se atingir esta área e então  efetuar a aplicação até o encharcamento. A aplicação em plantas com caules  muito finos também pode ser feita, desde que se aplique a calda sobre os tocos  roçados e também na região do colo da planta daninha para aumentar a quantidade  de herbicida absorvido. A operação deve ser feita em duplas, com um trabalhador  cortando a planta daninha e outro fazendo a aplicação. É recomendável o uso de  um corante adicionado à calda para marcar os tocos aplicados. Já está  disponível no mercado um herbicida específico para aplicações no toco que  possui corante na sua formulação. As aplicações de herbicida via toco podem ser  feitas durante todo o ano, o que permite o aproveitamento da mão-de-obra que  fica ociosa nas épocas mais secas do ano. 
 
- Situações  de uso de herbicidas em pastagens:
 
 
a)        Aplicação no plantio/reforma de pastagens: em pastagens recém-implantadas, geralmente ocorre a germinação de planta  daninhas junto com a gramínea forrageira. Se o controle destas plantas não for  realizado, a gramínea forrageira será abafada atrasando o seu desenvolvimento,  principalmente do sistema radicular, além de diminuir o perfilhamento e o  número de plantas forrageiras por metro quadrado. A competição das plantas  daninhas atrasa o estabelecimento da gramínea causando uma demora de até um ano  para se atingir a plena capacidade de suporte da pastagem. A planta daninha não  controlada completará seu ciclo, sementeando e podendo provocar um aumento da  infestação nos anos seguintes. A aplicação do herbicida nas pastagens  reformadas deve ser feita aproximadamente 40 dias após a germinação das plantas  daninhas de folhas largas. Neste caso, o uso de baixas doses do herbicida  poderá ser suficiente para o controle. Ao eliminar a competição das plantas  daninhas, o herbicida permite um rápido estabelecimento da pastagem que se  consolidará definitivamente em menor tempo permitindo a antecipação do pastejo  pelos animais.
- Aplicação para limpeza de pastagens: é uma aplicação de herbicida feita em pastagens já  estabelecidas há algum tempo que apresentem infestação de plantas daninhas. A  aplicação poderá ser feita em área total ou de forma localizada conforme a  porcentagem de infestação. Se as plantas daninhas apresentarem um porte muito  elevado, como plantas de Assa-Peixe (Vernonia  polyanthes) com 2 metros de altura ou plantas durante o estádio de  florescimento, recomenda-se fazer uma roçada antes da aplicação e esperar que  os rebrotes formem uma boa área foliar (normalmente 30 a 60 dias após a roçada)  para então aplicar o herbicida. Este manejo de aplicação permite uma redução na  quantidade de herbicida utilizado além de garantir uma aplicação durante o  estádio de desenvolvimento ideal da planta daninha. Quando as plantas forem  resistente às aplicações foliares, recomenda-se a aplicação no toco ou via  solo. 
 
 
c)        Aplicação de manutenção: após o controle das plantas daninhas em uma pastagem  através do uso de herbicidas, recomenda-se adotar técnicas de manejo que evitem  a reinfestação, bem como a reposicão de nutrientes através de práticas de  adubação. No caso da pastagem apresentar alguma reinfestação, recomenda-se  realizar uma aplicação de manutenção, que consiste numa aplicação localizada,  quando esta infestação e o porte das plantas daninhasainda é pequeno. Neste  caso o gasto com o controle é muito baixo, além de se evitar a queda de  produtividade da pastagem. 
 
3.6.3. Herbicidas  mais utilizados em pastagens no Brasil:
 
3.6.3.1. Aplicações  foliares: 
 
a) Tordon* 
            Tordon*  é um herbicida foliar versátil e de amplo espectro para o controle de plantas  invasoras de folhas largas em recuperação, manutenção e reforma de pastagem. 
             Dosagem  para aplicação localizada – 1 a 2 % v/v ( adicionar 1 a 2 litros do herbicida  Tordon*  em  98 a 99 litros de água ) 
             Dosagem  para aplicação tratorizada em área total – 4 a 6 litros de herbicida / ha (  volume de pulverização de 200 a 400 litros / ha ) 
 Adicionar adjuvantes a 0,3 % volume / volume 
 
b) Plenum*
            Plenum*  é um herbicida de amplo espectro de controle, para manejar plantas invasoras de  folhas largas em manutenção e recuperação de pastagem oferecendo elevada  eficácia em plantas invasoras herbáceas anuais, assim como para algumas  espécies perenes lenhosas e semi-lenhosas, em aplicação foliar. 
             Dosagem  para aplicação localizada – 0,5 a 1,0  %  v/v ( adicionar 0,5 a 1 litros do herbicida Plenum*  em  99  a 99,5 litros de água ) 
             Dosagem  para aplicação tratorizada em área total – 1,5 a 2,5 litros de herbicida / ha (  volume de pulverização de 200 a 400 litros / ha ) 
 Adicionar adjuvantes a 0,3 % volume / volume 
 
c) Mannejo* 
            Mannejo  é uma eficiente formulação para controlar algumas espécies de plantas  invasoras, principalmente as anuais de maior sensibilidade ao controle químico  foliar, normalmente infestantes em areas de reforma e manutenção de pastagem. 
             Dosagem  para aplicação localizada – 1 a 2 % v/v ( adicionar 1 a 2 litros do herbicida  Mannejo*  em  98 a 99 litros de água ) 
             Dosagem  para aplicação tratorizada em área total – 4 a 5 litros de herbicida / ha (  volume de pulverização de 200 a 400 litros / ha ) 
 
            Adicionar  adjuvantes a 0,3 % volume / volume 
 
d) Garlon*
      Garlon* é o único herbicida registrado especificamente  para controlar algumas espécies jovens de palmáceas no estágio inicial de  desenvolvimento vegetativo, popularmente conhecidas como “Pindobas”. 
       Pode ser utilizado no auxílio de controle de algumas espécies  de plantas invasoras mais resistentes aos herbicidas aplicados na folha. 
       Dosagem para aplicação em Pindobas- 4 % v/v (adicionar 1 a 2  litros do herbicida Mannejo*  em  98 a 99 litros de óleo diesel. O volume de  aplicação é de 5 a 20 ml da calda por Pindoba tratada, utilizando-se um  equipamento de aplicação manual com regulagem de volume. 
 
e) Grazon* 
            É  um herbicida para o controle de algumas espécies de plantas invasoras herbáceas  anuais em seu estágio inicial de desenvovimento vegetativo, normalmente  presentes em áreas de reforma de pastagem. 
             Dosagem  – 2,0 litros / ha de Grazon* de 30 a 45 dias após a germinação do capim e das  plantas daninhas e 3 litros /ha a 3,0 litros de Grazon* entre 45 e 60 dias. 
3.6.3.2. Aplicações no toco: 
 
 
a) Padron*
                       Padron*  é um herbicida para o controle de invasoras lenhosas e semi-lenhosas não  controladas por herbicidas de aplicação foliar. O herbicida Padron* é aplicação  no toco remanesceste da planta invasora imediatamente após a roçada manual.  Apresenta um corante na sua formulação, facilitando a visualização dos tocos  tratados. 
                        Dosagem  de aplicação de 1 a 2 % v/v ( adicionar 1 a 2 litros do herbicida Padron* em 98  a 99 litros de calda )
Observações:
 
                       As recomendações de uso  de cada produto, tais como dose a ser aplicada para cada planta daninha,  plantas daninha controladas, equipamentos e volume de calda recomendados, época  de aplicação e precauções no uso, podem ser encontradas no Catálogo de Produtos  fornecido pelo fabricante.
 
 
 
*    Marcas Registradas da Dow AgroSciences Ltda. 
 1 Engenheiro  agrônomo do Departamento de Pastagens da Dow Agrosciences Industrial Ltda. Efsvicero@dow.com  /  jcbarros@dow.com 
 2 Engenheiro  Agrônomo e Zootecnista , pesquisador do Departamento de Pastagens da Dow  Agrosciences Industrial Ltda. 
alladeirano@dow.com 
4.   REFERÊNCIAS
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrrestres, aquáticas,  parasitas, tóxicas e medicinais. 2. Ed., Nova Odessa, SP, Plantarum, 1991. 440  p.
PEREIRA, J.R. Plantas invasoras de pastagens. Curso de pecuária  leiteira. Coronel Pacheco, MG, EMBRAPA-CNPGL, 1990. 31 p.
PITELLI, R.A. Ecologia de plantas invasoras em pastagens. In: Anais  do Simpósio sobre Ecossistemas de Pastagens. Ed. V. Favoreto, L.R.A. Rodrigues.  Jaboticabal, FUNEP, 1989. p. 69-86.
ROSA,B. Influência do Herbicida  nos parâmetros de crescimento 
  “Brachiaria brizantha” CV. Marandu em reforma  de pastagem. Anais 38º  SBZ - Encontro da  Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001
Velini, E.D.  Matobiologia e matocompetição. In: Semana do Herbicida, 8. R. Osipe, Coord.  Fund. Faculd. de Agronomia “Luiz Meneghel”, Bandeirantes, PR. 1987. p. 281-304.
VICTORIA FILHO, R. Controle  de plantas daninhas em pastagens. In: Pastagens na Amazônia. Ed. A.M. Peixoto,  J.C. de Moura e V.P. de Faria. Piracicaba, FEALQ, 1986. p. 71-90.